Desde o ano lectivo passado, trabalho com coros infantis/juvenis (Vox On e Voximix), no CRCB. Desde que ingressei nesta escola enquanto aluna (há já uns "anitos"), nunca mais me consegui afastar dela. As minhas filhas seguem também os estudos musicais e o marido voltou aos "bancos de escola". Deixou o Violoncelo e mudou-se para o Oboé ;) Calculam, portanto, 0 prazer imenso que é para mim poder voltar a estar do lado de dentro desta escola, agora enquanto docente.
O trabalho com jovens na disciplina de Coro entusiasma-me imenso e gostando como gosto de cantar e sabendo a importância de uma correcta utilização da voz, tenho procurado no repertório de compositores portugueses as obras necessárias para desenvolver a minha actividade.
Foi por acaso que descobri o compositor Sérgio Azevedo. "Tropecei" numa obra sua de Natal enquanto procurava na Ava Editores e gostei. Como tenho o hábito de divulgar o meu percurso aqui no blogue, este acontecimento acabou por chegar ao próprio compositor.
É muito interessante este lado positivo de trabalhar obras de autores vivos; podemos saber logo se gostaram ou não, se conseguimos captar a essência das suas obras ou não. É um risco. Então, é para mim! :D
Após mais um concerto, desta vez com obras nunca antes interpretadas publicamente, recebi um novo contacto do compositor e sinto-me muito feliz. O Sérgio Azevedo gostou. Gostou da forma como o Coro Vox On abordou as obras "O dia da Carolina" e "Bichos de arrepiar". Bem, não fizemos todos os andamentos, pois seria impossível consegui-lo num só período escolar, com alunos de 1º e 2º graus do ensino articulado.
Deixo aqui excertos da sua missiva. Vejam porque me sinto tão bem...
[Eu avisei no título deste post que falaria de vaidades... ;)]
"Devo dizer-lhe que estão de parabéns, incluindo o pianista, que não tem um trabalho nada fácil. As canções, nomeadamente os “Bichos de Arrepiar”, são bastante ingratas por vezes. Os “Bichos de Arrepiar” foram o primeiro ciclo que escrevi quase 15 anos depois das “5 Cantigas de Bichos”, e são bastante mais difíceis e abstractas em geral do que os ciclos seguintes (aliás, o “Insectário” é do mesmo tipo ainda). Nada que se compare com a singeleza de muitos dos ciclos que, já com mais experiência, escrevi depois destes, pelo que são um desafio suplementar para qualquer coro infantil."
Ainda aqui não referi que o pianista foi o director do CRCB, o professor João Paulo Cunha, com quem gosto imenso de trabalhar. Para além de excelente pianista, são já muitos anos como pianista acompanhador...
"Espero um dia ter o prazer de assistir ao vivo a este coro magnífico, e quem sabe, a um futuro CD com estas canções!"
"Espero um dia ter o prazer de assistir ao vivo a este coro magnífico, e quem sabe, a um futuro CD com estas canções!"
E, por fim, deixou uma mensagem que considero fantástica e me deixa com mais ânimo para persistir nesta árdua tarefa:
"Abraços, e mais uma vez os meus maiores parabéns a si, ao pianista, e ao coro Vox On. Ao sair do repertório mais convencional para crianças, está a prepará-los para abrirem os ouvidos e as mentes à música moderna e à música portuguesa (e não falo só das minhas canções, claro, muitas mais existem de óptima qualidade de outros colegas meus), o que é decerto uma mais valia para o coro, e um privilégio que trará benefícios, dos quais só se darão conta certamente só daqui a uns anos, mas dar-se-ão, acredite! Quando tiverem a consciência mais desenvolvida, ao olharem para trás dar-se-ão conta que beneficiaram de uma educação musical de alta qualidade, fora do rame-rame da convencionalidade e da repetição de repertório que ainda hoje persiste no nosso ensino musical. Bem haja!"
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