segunda-feira, julho 13, 2009

Quero ver um brilhozinho no olhar...

Aconselhada pelo leitor Hugo Cunha, fui ver um vídeo colocado no blogue de Laurinda Alves e fiquei deliciada. Benjamin Zander explica-nos, de forma empolgante, o que a música clássica pode ser para cada um de nós.
Fez-me lembrar a energia/alegria de Jos Wuytack ou Pierre van Hauwe... E tocou-me especialmente quando disse (tradução MUITO livre) que cada um de nós (professores) se devería questionar sobre quem é e o que realmente faz, quando as crianças à nossa frente não mostram um brilho no olhar com o que ensinamos... Algo vai mal!...
Não resisto a partilhar.

2 comentários:

Miguel Ângelo disse...

Em relação à questão que levantou, gostaria de recomendar vivamente a leitura do "Diário" de Sebastião da Gama, claro está, se ainda não o fez. É um verdadeiro manual. A forma como ele descreve o seu percurso enquanto professor de Português, em Setúbal e noutras localidades.

Deixo só um véuzinho:

“Não sou, junto de vós, mais que um camarada um bocadinho mais velho. Sei coisas que vocês não sabem, do mesmo modo que vocês sabem coisas que eu não sei ou já esqueci. Estou aqui para ensinar umas e aprender outras. Ensinar, não. Falar delas. Aqui e no pátio e na rua e no vapor e no comboio e no jardim e onde quer que nos encontremos."

"Em Setúbal, de princípio perguntavam: "É para nota?" (E havia medo na voz.) "Não. É para aprender" Pois sim senhor, para aprender é que é: para eu aprender, para o aluno aprender; para estarmos mais perto um do outro: para partirmos a aula ao meio: pataca a mim, pataca a ti."

"Tenho para mim que o vaidoso só o é verdadeiramente se está convencido de que é um ás naquilo de que é vaidoso; ora eu não estou convencido; aparento por vezes que o estou, levado por um demónio que eu não sou capaz de afogar. Eu só estou convencido de que tenho em mim algumas qualidades, graças às quais não é desonestamente que sou professor; e estou convencido também de que há mil outros que não têm estas qualidades, ao mesmo tempo que há outros ainda que têm, além das minhas, aquelas que me fazem falta. O que me absolve é que tenho o bom propósito de ir melhorando e de chegar um dia (se o espírito se não acovardar com o tempo...) em que serei quase um bom professor; é justamente nesse dia que morrerei: quando for quase um bom professor."

"O que era bom era dar sempre aulas como a de hoje! Vir da aula tão feliz que tivesse precisão de gritar ao primeiro desconhecido: - "Sabe? Dei hoje a melhor aula, a aula mais linda da minha vida!" Quis, ao entrar na Sala dos Professores, gritar isto mesmo ao Senhor Director - Mas não fui capaz, talvez por ele estar acompanhado; e foi pena, porque tenho a certeza de que ele compreenderia o meu contentamento, me sorriria com a bondade e delicadeza de alma que lhe são próprias. Assim, vim pelo Alecrim abaixo a contá-lo só a mim: "Que linda aula! Que linda aula! Que linda aula!" E foi no vapor que não pude resistir: - "Sabe? Dei hoje a melhor aula, a mais linda aula da minha vida!"

Ups... Excedi-me. Mas nao consegui parar. É apaixonante. :)

Fantasia Musical disse...

Mas valeu a pena o excesso, pois abriste-me completamente o apetite (eh, eh, eh...)