sábado, abril 30, 2011

A música no romance de Joaquim de Oliveira Ribeiro

Joaquim de Oliveira Ribeiro, autor do livro que, nos últimos dias tenho vindo a anunciar, não é músico. Não frequentou nenhuma escola de música, mas é um artista. Mesmo! Pinta, faz caricaturas, bandas desenhadas e, obviamente, escreve. Como disse, não é músico. Mas observem bem as seguintes frases que retirei do seu mais recente romance "Correntes do Índico" e vejam se a arte dos sons não está tão presente na sua obra. Boa, manito!
"...O galo esganiçado do costume cantou algures como que autorizando os ruídos do dia a instalarem-se definitivamente na casa, e sentiu o sorriso satisfeito emergir-lhe de repente no rosto inchado. Era um mundo novo que se impunha, sumptuoso e irrecusável. Espreguiçou-se despudoradamente e abraçou-o sem reticências. Não era ainda tarde, por isso, numa atitude rotineira, vagou pelo enorme casarão colonial, abrindo portas e janelas com o vagar de quem se sente ausente do tempo, desfrutando cada momento, cada gesto com um tal deleite que quase roçava a volúpia. Movimentava-se balanceando os desmesurados quadris ao compasso alegre de uma melodia, mais sussurrada que cantada. Parava aqui e ali, olhando o céu límpido e as calmíssimas águas da baía do Espírito Santo, lá ao fundo, flutuando sobre a copa das árvores do quintal. Ouvia a sirene de um vapor, dos tantos que ao longo do dia por ali passavam e, mais uma vez, recordou o sonho que pensava fazer já parte do passado. Um assomo de tristeza feriu-lhe a bonomia do rosto."

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(excerto das páginas 10 e 11, "Correntes do Índico", editora Guerra e Paz)




Descobri hoje que, para além das lojas Fnac, também nas livrarias Bertrand é possível adquirir este romance. Espero que, desta vez, o seu livro tenha um maior sucesso de vendas, já que a anterior editora (Pergaminho) não o soube divulgar convenientemente. Na Bertrand de Castelo Branco disseram-me que ainda existem três exemplares do seu 1º romance "A morte de D. Resgate", daquelas sobras em mau estado. Mas é só. Não apostando num novo autor, fizeram uma tiragem demasiado pequena para a procura. Que malandros...



Desta vez é que é!! Porque não aproveitar a feira do livro de Lisboa? :D

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