quarta-feira, outubro 29, 2008

Sinceramente, não sei que pensar...

Acabo de ler esta notícia que me deixou sem reacção. Compreendam que é algo de muito novo, sem precedentes em Portugal e logo é uma reacção natural. Bem, em mim, nem por isso (eh, eh, eh...) normalmente reajo mal a estas modernices!

Com os ataques às escolas de música, cada instituição procura sobreviver da melhor forma. O Conservatório de Música da JOBRA vai abrir em Novembro próximo o curso de Pop Rock e Jazz. Hummm!... Pois... Vejamos:

Por um lado, sinto-me tentada a pensar positivo. Afinal, o coordenador do Curso (Kiko) afiança que será "um Curso muito prático, dinâmico e interactivo em que existe uma grande ligação entre o ensino académico e a vida profissional." Também concordo que será bom saber como funciona um espectáculo de música rock no seu todo.

Mas por outro, é preciso um curso inteiro para isso?! Será que não se estará, uma vez mais, a tentar banalizar o que é especial? A sério que (e posso estar a ser demasiado retrógrada) tenho um medo pavoroso que o ensino da Música, de tão massificado, se torne mais uma das coisas mal feitas do País. Até agora, ainda nos podemos vangloriar de alguns nomes sonantes da Música em Portugal. Temo que esses tempos estejam perto do fim...

Estarei a ver mal a questão? Talvez. (É o que dá uma semana de reuniões intercalares, quando se tem 8 turmas...)

3 comentários:

Stalker disse...

O Jazz começa a ser habitual em alguns Conservatórios e, na minha opinião, muito bem. Por exemplo no ano passado o Conservatório do Baixo Alentejo iniciou a sua oferta nessa área.
A área do Rock e Pop não são habituais em Portugal mas há países nos quais existem escolas específicas para este tipo de abordagens.
Se é útil a um Conservatório a inclusão desta oferta, essa já é uma pergunta que terá de ser respondida caso a caso. Instituições sólidas, com identidade forte, lideranças imaginativas, boas instalações e qualidade no corpo docente, poderão mais facilmente conseguir integrar outros géneros musicais. Mas, pessoalmente, não me parece a prioridade para este momento. Quando os Conservatórios se estão a aproximar das escolas de ensino genérico e se colocam desafios importantes (até numa questão que era naturalmente pacifica como o comportamento dos alunos), o lançamento de cursos deste género poderão lançar ainda mais confusão. Mas, repito, são coisas que se devem pensar e analisar caso a caso. Que te parece?

Fantasia Musical disse...

Não foi por acaso que não me referi ao Jazz. Também tenho conhecimento de alguns casos de sucesso. Mas, e tu referes esse ponto fulcral, os conservatórios estão a aproximar-se incrivelmente das escolas de ensino regular, também no que se refere à problemática do comportamento em sala de aula (ou falta dele).

Música para todos; ensino gratuito; ensino massificado... Tudo teorias que, sendo nós indivíduos únicos e especiais, não resultam na prática. Ou melhor, todos aprendem umas "musiquinhas", é gratuito até certo ponto e a massificação não traz só consequências positivas...

Os jovens não gostam de música erudita? (não interessa se o motivo é o desconhecimento!) Não gostam? Então vamos dar-lhes o que gostam e assim torna-se mais fácil não perder alunos.

Pois correndo o risco de ser indelicada, deixem-me dizer que a música NÃO é para todos, assim como não o é a dança, a pintura, o desporto e outros. Não por ser inatingível, mas porque o esforço que exige nem todos o desejam e não se consegue ser bom músico (ou pintor, ou ginasta) sem esforço e trabalho.

Stalker disse...

Há um patamar de contacto com a Música que é importante ser vivido pelo maior número de crianças. No pré-escolar e no Básico a música deveria ser uma actividade regular e integrada na componente "lectiva" (as aspas são por causa do pré-escolar). Como tu sabes melhor que eu, há muita coisa que se pode fazer com sucesso e só assim é possível que as crianças e as famílias sintam (ou não) alguma atracção pelo aprofundar dos seus conhecimentos neste campo. Caberá às escolas especializadas a tarefa de ministrar um ensino muito exigente no plano artístico, mas que não conduz, como sabemos, exclusivamente à progressão para o ensino superior e para uma profissão. O que fica desta exigência e deste trabalho, para os que não seguem esta via, é uma "massa" difusa mas que é raro não considerarem importante.
Claro que aproximando as escolas especialistas das generalistas a única coisa que se vai conseguir é o caos inicial e, depois, um baixar de expectativas até ao limiar do decente. Todos os sinais que vou recebendo apontam nessa direcção. Infelizmente.