sexta-feira, março 21, 2008

A frieza das aparências


Após leitura da última crónica de Mário Crespo, jornalista da SIC, resolvi procurar algumas opiniões anteriores.
Esta, sobre a compra de uma nova frota de jactos executivos para transporte de governantes, deixou-me ainda mais desgostosa face ao panorama político português. A obscenidade é assustadora...

"Nesta fase metade dos rendimentos dos portugueses está a ser retida por impostos. Encerram-se maternidades, escolas e serviços de urgência. O Presidente da República inaugura unidades de saúde privadas de luxo e aproveita para reiterar um insuspeitado direito de todos os portugueses a um sistema público de saúde. Numa altura destas, comprar jactos executivos é tão obsceno como o foi nos dias de Samora Machel. Este irrealismo brutalizado com que os nossos governantes eleitos afrontam a carência em que vivemos ultraja quem no seu quotidiano comuta num transporte público apinhado, pela Segunda Circular ou Camarate, para lhe ver passar por cima um jacto executivo com governantes cujo dia a dia decorre a quilómetros das suas dificuldades, entre tapas de caviar e rolinhos de salmão. Claro que há alternativas que vão desde fretar aviões das companhias nacionais até, pura e simplesmente, cingirem-se aos voos regulares. Há governantes de países em muito melhores condições que o fazem por uma questão de pudor que a classe que dirige Portugal parece não ter." (excerto)

2 comentários:

Anónimo disse...

Luxo obsceno, é mesmo isso. Nem consigo comentar.

Fantasia Musical disse...

É, de facto, uma verdade demasiado crua...