terça-feira, dezembro 04, 2007

Duas realidades bem distintas: a música em Portugal e na Alemanha

Até arrepia ouvir alguns coros por essa europa fora! No Artimanha está um excerto da Paixão Segundo S. Mateus de J. S. Bach, cantado pelo coro Thomanerchor. Um espanto!



Sei que estou a ser má, mas não resisti a colocar (por oposição) um coro de crianças portuguesas, num ritual comum a todo o território luso, por altura do Natal. Quem, sendo pai ou mãe neste país, não passou por situações destas? (Confesso que só vi o início do excerto, pois não consegui ouvir mais...)



Enfim... Afinal a Educação Musical ficou-se por umas "horitas" no final do dia de escola, de forma bem lúdica e como opção (no 1º ciclo) e uma vez por semana, no 2º ciclo. E começo por aqui por ser a minha área, mas tenho noção da diferença abismal no que concerne ao ensino artístico nos dois países. Querem mais? Pois não há dinheiro!... A Educação fica para depois!

Mas garanto-vos que, ainda no outro dia, uma colega minha me perguntou se não podia formar um coro de gospel com os meus alunos, como viu num qualquer lugar no litoral. É tão fácil, não é?

4 comentários:

Ângelo Coelho disse...

Viva
O teu blog continua o máximo. Parabéns.
PS - Já agora vê isto:
http://www.youtube.com/watch?v=donckFIT6C4

Fantasia Musical disse...

Ora, fico muito agradecida pelo elogio. É bom ouvir ;)

Quanto ao vídeo, já o conhecia, mas não com este nome :D

Não me recordo agora, mas vou procurar e depois digo. E o teu blogue? Desististe?

Fernando Vasconcelos disse...

É verdade que existe uma diferença abissal. Porém gostava só de referir que existem em Portugal projectos de educação músical e instrumental muitissimo válidos e com nível europeu pelo menos. A título de exemplo posso referir "Os Violinhos" onde o meu filho estuda e que quer no rigor quer nos resultados pelo que me pude aperceber ao longo destes anos não fica a dever nada a escolas por esse mundo fora. E certamente haverá outros casos, pelo que sei o conservatório do Fundão só para dar um exemplo perto de sei está a fazer um excelente trabalho no ensino do Piano, o coro Gregoriano em Lisboa também ... e estou certo que encontrariamos mais uma duzia de excelentes exemplo de que é possível ... falta é a vaga de fundo e sobretudo a percepção que não se trata de um luxo. Trata-se de uma necessidade igual à da Matemática por exemplo ... e digo isto à vontade porque a minha formação até é na área da ciência ... De resto parabéns pelo seu blog. Ganhou mais um leitor fiel ...

Fantasia Musical disse...

Hum!... começo por agradecer a mensagem. É sempre bom receber críticas positivas.

Tal como o Fernando, não tenho dúvidas que existirão, pelo país fora, excelentes projectos na área da Educação Musical. No entanto, não deixarão de ser isso mesmo: experiências soltas, muito bem intencionadas, mas que um dia qualquer deixarão de existir "por falta de verbas". Estarei a exagerar?

Conheço pessoalmente o caso do projecto "Crescer com a Música". Não o de Lisboa, mas o albicastrense, mais antigo. Ligado ao Conservatório Regional de Música de Castelo Branco, um pequeno grupo de professores iniciou a difícil tarefa de levar a Música aos alunos do 1º ciclo, numa altura em que ainda não era moda ;) O projecto cresceu, a Música acontecia numa zona do país onde a cultura tem dificuldade em chegar... arranjou asas e partiu para as aldeias à volta. Apesar de nunca ter feito parte da equipa, reconheço-lhe o mérito: como professora de Educação Musical, ía sentindo diferenças nas crianças que chegavam ao 2º ciclo. Após 13 anos de trabalho de equipa, com reuniões constantes e concertos levados às diversas escolas, o projecto acabou por falta de verbas. Retrocedemos no tempo: agora as crianças voltaram a ter umas "aulitas de música", com um qualquer professor, que trabalha sozinho e sem objectivos comuns a toda a comunidade...

Referiu-se a projectos relacionados com o ensino artístico, eu falava específicamente da cultura de um povo. Há uns tempos atrás, houve alguém que me contou que quando esteve a estudar no estrangeiro (não me lembro bem onde, mas algures na Croácia ?!...) qualquer trabalhador das obras sabia ler por partitura e cantar em coro. É incrível, não acha? Por cá, é normal (já ouvi diversos políticos!) não se ter pruridos em afirmar publicamente que de música não se percebe nada. Pois é! Se alguém afirmar publicamente que tem problemas com a matemática, é imediatamente apelidado de inculto!